A forma como fui recebida foi absolutamente deplorável. Toda a apreensão que sentia ao vir para este desterro, pareciam assim confirmar-se, mal os meus pés pisaram solo português. Não sabia esta gente, que chegava de Itália, uma princesa das mais respeitáveis famílias reais europeias? Saberiam elas de todo quem eu realmente era? Ao dirigir-me em direção a carruagem, famílias inteiras com criancinhas feias que seguravam balões encarnados, rodeavam-me com a sua pele suada e encardida, e gritavam o meu nome com as suas vozes roucas de gente pobre. Sentia nojo. Se a minha mãe fosse viva e tivesse visto todo este espetáculo de aberrações, ter-se-ia certamente rido. Contudo não herdei essa sua vertente humorística. Não fosse o facto de dai a poucas horas vir a ser coroada rainha, teria certamente regressado ao barco e de la não sairia ate que avistasse novamente território ao qual condignamente poderia chamar Europa. Ignorei-os. Caminhei com elegância e segurança sem nunca lhes dirigir o olhar. Este povo triste e primitivo, veria como se comportava uma verdadeira rainha.

Etiquetas: Exercício #2 - Sessão #1